Em um comunicado surpreendente, a editora Globo informou que resolveu cancelar toda a sua linha de quadrinhos vendidos em bancas. Fevereiro será o primeiro mês em 71 anos que os quadrinhos "globais" não chegarão às bancas do país.
Segundo informou a diretora de negócios infantis da editora Globo, Lucia Machado, as mudanças de mercado e a falta de apoio das distribuidoras e dos próprios jornaleiros, são as causas para a debandada das bancas dos títulos Menino Maluquinho, Junin, Julieta - A Menina Maluquinha, Cocoricó, Sítio do Picapau Amarelo, Cuca, Emília e Você Sabia - Sítio do Picapau Amarelo, todos nacionais. O foco agora será a publicação para venda em livrarias e lojas especializadas. Ela prevê o lançamento de 220 títulos em 2008, entre quadrinhos e literatura infantil, um número bastante expressivo.
Desde junho de 1937 a editora publicava quadrinhos com venda prioritariamente em bancas. Mandrake, Recruta Zero, Spirit, Ferdinando, Batman, Flash Gordon, Nick Holmes, Fantasma, Sandman, V de Vingança, Orquídea Negra, Gasparzinho, Brasinha, Tex, Nathan Never, Riquinho, Lobo, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico (batizado como Os Quatro Fantásticos), Hulk, Kripta, Jerônimo - O Herói do Sertão, Dico - O artilheiro, Mortadelo e Salaminho, Gen 13, Cyber Force, Witchblade, Wild C.A.T.s, Excalibur, Motoqueiro Fantasma e Cavaleiro da Lua, todos já foram publicados pela editora em algum momento nos últimos 70 anos.
Contudo, indubitavelmente, a principal causa da perda de mercado da editora e a consequente decisão de cancelar a venda em bancas, foi a perda, no ano passado, de seu maior triunfo. Refiro-me aos quadrinhos mais vendidos no Brasil, os da Turma da Mônica. A editora lançou vários títulos para tentar suprir a ausência da baixinha invocada e seus amigos, mas em vão. O resultado disso é a perda de mais uma editora tradicional nos quadrinhos tupiniquins.
Desde a chegada da Panini ao país, o mercado de quadrinhos tem crescido exponencialmente, principalmente nos diversos gêneros de mangás e outros quadrinhos orientais, passando por trabalhos europeus, nacionais, e, é claro, os comics americanos. Entretanto, o sucesso da Panini já tirou a editora Abril do mercado*, e agora faz mais uma vítima. Espero que isso não signifique o surgimento de um monopólio nos quadrinhos, o que seria prejudicial aos leitores, principais interessados.
* Refiro-me à linha de super-heróis da editora Abril. A editora continua publicando os quadrinhos Disney, ainda que irregularmente. Incluído em 29/01/2008 às 9h01.
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